Fotografia de parto: o valor do eterno

Como fotógrafa de família, um dos eventos familiares que mais acompanho nestes anos de trabalho é o nascimento. E isso não acontece à toa. Me preparei para essa especialidade. Estudei, li, me capacitei e não paro nunca. Primeiro, sendo mãe. Conseguir saber exatamente o que aquela mulher está sentindo faz toda a diferença nesse processo incrível da empatia, do falar sem palavras, entender os gestos, os olhares, os silêncios, os desejos.

Me aprofundei na técnica fotográfica para escolher, dentro daquele momento único, a melhor luz, o melhor ângulo, os flagrantes de amor explícito, de emoção à flor da pele, de alegria, de vida! Procurei os equipamentos mais modernos. Senti a necessidade de saber mais e mais. E, além de estudar para ser uma melhor fotógrafa, decidi estudar para ser uma doula. Uma mulher que sabe seu lugar de ajuda, de apoio no momento em que outra mulher está dando à luz seu filho.

Um investimento emocional, profissional, pessoal que não tem valor pra mim. Porque quero estar inteira, plena, atualizada, pronta para todas as vezes que esse momento chegar. Porque amo fazer o que faço e faço com amor. Não seria diferente disso. Me entrego àquela família com a missão que me foi confiada de eternizar a chegada de um filho ao mundo. Que tarefa importante! Me sinto uma mensageira que consegue chegar no futuro, levando a mensagem daquele dia para as outras gerações. Me sinto abençoada!

Por isso, me sinto privilegiada dentro da minha profissão de fotógrafa. Para alguns, uma tarefa difícil demais, pesada demais. Afinal de contas, quando aceitamos ser fotógrafo de parto, firmamos um compromisso de estar presente, pronta para um evento que não sabemos a data nem a hora que vai acontecer. E ficamos de sobreaviso, igual aos médicos, às doulas. E muitas vezes saímos de casa de madrugada, ou num domingo, ou feriado. E não temos a menor ideia da hora em que vamos voltar. Porque o espetáculo da vida não está na nossa agenda, mas na agenda de Deus.

É preciso se sentir parte, estar de corpo e alma, sem pressa, sem uma espécie de taxímetro que cobra a mais por cada hora trabalhada, é saber o seu lugar de uma coadjuvante que tem uma linda missão. É deixar os protagonistas viverem o momento, fazerem o seu melhor e registrar o que realmente importa. Tudo para que essa história linda seja contada e revivida da maneira mais intensa possível por quem esteve e por quem não esteve lá. Para sempre.

Por isso, o que mais importa não é quanto custa a fotografia de parto, mas qual o valor que esse momento, que esse registro tem para sua vida. Pra mim, é o valor do eterno.

Um abraço,

Andréa Leal

andrealealfotografia

Eu sou Andréa Leal, e sempre achei importante que a minha fotografia falasse por mim.

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