A Importância de Contar Histórias para Crianças com Carol Levy

Como combinado, continuo hoje no nosso blog trazendo os melhores momentos da série de bate papos que oferecemos no nosso espaço na Baby Kids Week, no Shopping Recife. E um desses momentos especiais foi a conversa com a querida Carol Levy sobre a importância de contar histórias para as crianças. Carol, que encanta nossos filhos com sua maneira carismática, talentosa e carinhosa de contar e cantar histórias, teve a generosidade de nos dar dicas preciosas pra fazer o famoso saco de histórias funcionar em casa também. Ensinamentos muito lindos pra gente compartilhar por aqui, com todos vocês. 
Apaixonada pela arte de contar histórias, Carol nos falou como começou sua trajetória e sobre tudo que a preparou para ser hoje o sucesso merecido que é. Mas ela mostrou mais, mostrou sua vocação, o seu propósito na vida, que é essa vontade de tocar no coração de cada criança, e de cada adulto também com o poder que a história tem. E mostrou esse poder pra gente e como podemos usá-lo com nossos filhos.

Cantora e contadora de histórias desde 2010, Carol garante que os pais ou cuidadores não precisam de muita coisa pra contar histórias para seus filhos. Precisam sim escolher uma boa história, gostar da história ou não vão conseguir contar com prazer. Segundo ela, o grande segredo da narrativa é ter prazer em contar. “Quando a gente sente emoção, a gente consegue transmitir isso quando lê”, ensina. Mas ela não indica uma lista, porque acredita que a escolha é pessoal. “Tem muitos livros bons pra escolher. Às vezes, é um livro super e indicado, mas você não gosta”, acrescenta.
Publicitária por formação, ela lembrou que, quando decidiu se transformar em contadora de histórias foi a uma livraria no Recife e chamou sua atenção um livro em destaque na prateleira com uma ilustração de Ziraldo, que adora. Era “Chapeuzinho Amarelo”, de Chico Buarque, de quem também é muito fã. “O livro conta a história de uma menina que tinha medo de tudo e ia diminuindo esses medos. Minhoca pra ela era cobra. Aquilo era eu! Aquilo me tocou profundamente. Por trás de um bom livro infantil tem muita coisa importante”, lembra Carol. Estava escolhida a primeira história, mas não só por causa disso. Carol lembrou que quando criança ela também criou a história da Chapeuzinho Xadrez, que zombava do lobo. Nada acontece mesmo por acaso.
Os benefícios para as crianças são muitos: ativa a imaginação, a criatividade, aumenta o vocabulário, estimula o hábito da leitura… Mas pra Carol, o mais importante é o vínculo que se forma entre o contador e o ouvinte e o poder que a história tem de curar. “Através das páginas coloridas, das princesas, dos monstros e dragões, nesse mundo lindo e mágico que as crianças gostam de estar, são narradas situações da vida real por meio de metáforas. A gente passa por desafios, pensa que não vai conseguir e ai, vem alguém pra ajudar, a gente supera. Tudo isso é narrado nas histórias. Eu tenho uma história dos três cabritos que querem comer capim, mas têm que atravessar a ponte, passar por um ogro. Eles bolam um plano pra boicotar o ogro e conseguem. Isso é a vida. Com quantos ogros a gente se depara? Isso acalenta o coração das crianças porque elas pensam: se ele conseguiu,eu consigo também”, mostra Carol.
Pra Carol, esse vínculo em casa se forma quando você fica com seu filho agarradinho, diante de um livro aberto, contando histórias. Depois de escolher essa história especial pra vocês, eleja um cantinho aconchegante e crie um ritual: um lugar, um horário (que pode ser antes de dormir, depois do almoço… ) uma música, um som, um assobio pra marcar o início dessa aventura. De uma forma muito de vocês, muito especial, vocês estão construindo memórias afetivas e esses vínculos pra vida. 
Ela aponta que na história a gente pode ser quem a gente quiser. Ela permite que a gente seja uma bruxa, por exemplo, e as crianças se sentem muito atraídas. As histórias apresentam formas de solucionar os problemas. Por isso, Carol explica que muitas vezes as crianças pedem para que a gente leia novamente. É aí que ela está fazendo sua construção emociona, a resolução do problema. E, a cada nova leitura ela percebe algo que não tinha percebido antes. 
Carol garante que tem história pra falar de cada problema especifico e lembra que os contos de fada originais são bem pesados como a história de João e Maria, que foram abandonados pelo pai. Mas são enredos que não devem ser omitidos. “Imagina a quantidade de crianças que foram abandonadas! Essa história é importante pra elas, porque mostra que as crianças foram corajosas, entraram na casa da bruxa e conseguiram vencer. Quando a gente omite essas informações, a gente tira o que é mais importante: dizer que a vida é difícil mesmo, mas que você vai conseguir. Então, quando for contar uma parte pesada, passa sem dar ênfase nessa parte, com uma entonação mais suave, mas conta. Isso encoraja e cura”, ensina.
Enfim, foram muitos ensinamentos maravilhosos e ainda as indicações de dois livros de cabeceira que inspiram Carol nessa arte que ela faz como ninguém:  
“Caminhos da Literatura Infantil e Juvenil”, de Joana Cavalcanti e que fala da importância do faz de conta e “Histórias Curativas para Comportamentos Desafiadores”, de Susan Perrow.  Carol leu pra gente alguns trechos desses livros e um trecho, tirado do segundo livro, chamou muito atenção. Ele diz mais ou menos o seguinte: “Certa vez uma mãe levou seu filho prodígio para Einsten e perguntou como poderia aperfeiçoar seu conhecimento da matemática. Einstein disse: ‘Tente contar a ele algumas histórias’. A mãe insistiu e Einstein disse: ‘Se se você quiser que ele seja inteligente conte mais histórias e conte mais histórais ainda se quiser que ele seja sábio”.
Um exemplo fascinante que coloca o pensar imaginativo no lugar mais alto do conhecimento, lembrando que o conhecimento está limitado naquilo que sabemos no presente, enquanto que a imaginação estimula o progresso. Grandes invenções requerem uma mente imaginativa. 
Então, comecem desde já esse ritual, esse vínculo e contem histórias pra seus filhos.
Um abraço,
Andréa Leal

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Eu sou Andréa Leal, e sempre achei importante que a minha fotografia falasse por mim.

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