Registrar o momento do nascimento é uma das grandes realizações da minha vida profissional. Por meio daquela fotografia, me sinto portadora de uma mensagem que vai atravessar gerações de uma família para contar a história do dia da chegada ao mundo daquele bebê, que depois vai poder se tornar pai ou mãe, avô ou avó … Sem dúvida é uma experiência mágica e dos grandes carros chefes do meu trabalho.
Mas eu sempre sentia que este dom não poderia ser oferecido apenas aos bebês cujas famílias contratavam meus serviços. Eu desejava muito contar a história de pessoas que não teriam essa oportunidade, ao mesmo tempo em que queria desmistificar tabus e preconceitos contra o parto natural e sobre a qualidade do atendimento humanizado possível também na rede pública de saúde.
Foi daí que nasceu o projeto Luz Natural que, em dois momentos, registrou partos naturais no Hospital da Mulher e no Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros (Cisam), mais conhecido como Maternidade da Encruzilhada, onde tive a honra de conhecer de perto o trabalho do seu diretor, o médico obstetra Olímpio Moraes e de sua equipe, que realiza um verdadeiro milagre diário para garantir todo o respeito e toda dignidade possível a suas pacientes.
Que vivência forte! Como foi incrível ver isso de perto, documentar esse avanço para o atendimento à mulher como protagonista da forma que escolheu para dar à luz seu filho. Foi um divisor de águas tão importante que me motivou a fundar o Instituto Luz Natural, entidade sem fins lucrativos que utiliza a fotografia como ferramenta de transformação social. Uma maneira que encontrei para realizar projetos autorais, exercer minha responsabilidade social e dar luz às bandeiras que defendo como o parto humanizado de qualidade pelo SUS, o respeito às crianças especiais, o fim do preconceito racial, a valorização da maternidade, a maior presença paterna na vida dos filhos…
Enfim, um renascer das possibilidades que a fotografia pode nos dar para fazer nascer um mundo melhor. Que assim seja!
Um abraço,
Andréa Leal
