Hoje em venho compartilhar com vocês o rico ensinamento que tivemos com o bate papo sobre os desafios do puerpério com o obstetra Thiago Saraiva, em nosso espaço na Baby Kids, no Shopping Recife. Nosso stand ficou pequeno pra receber tanta gente interessada neste assunto importantíssimo! Que bom! Pra mim foi uma realização muito grande poder, de alguma maneira, proporcionar esse encontro de futuras mamães e papais com um profissional em que confio tanto e que nos mostrou orientações preciosas para viver essa fase da maneira mais feliz e saudável possível.
Primeiro, o que é puerpério? É uma fase do pós parto em que a mulher experimenta modificações físicas e psíquicas. Dr. Thiago lembrou bem que as famílias se preparam pra muita coisa: para o parto, arrumam o quarto do bebê, o enxoval, a mala, mas muitas vezes esquecem de se preparar para uma das fases mais difíceis da maternidade que é o puerpério, período intenso de muito amor e dedicação exclusiva, mas uma experiência às vezes avassaladora, com a privação do sono, as dificuldades comuns da amamentação… “A maioria expressa a frustração que o quarto do bebê é, simplesmente porque ele não fica lá deitado. Compre um moisés e coloque ao lado da sua cama. Você vai estar tão cansada que, se levantar e for no quarto do bebê pode não dormir mais direito”, pontua o médico ensinando desde o início a simplificar.
E continua: “Tudo é novidade e a gente tem que se preparar. Quando o bebê dormir, nada de organizar os presentes ou receber visitas. É hora de descansar”, é taxativo. Segundo ele, é comum no puerpério, principalmente no final da tarde e início da noite, que a mãe sinta vontade de chorar. “Faz parte do processo fisiológico normal. É difícil, mas vai passar. Dura de 15 a 20 dias e a família tem um papel importante nessa fase. É normal sentir-se triste, sozinha, querer chorar, não querer amentar. Mas isso não pode passar de 25 dias. Se depois disso, os sintomas continuam, pode ser um sinal de depressão pós parto e o médico deve ser consultado. Às vezes, pode ser indicada uma medicação que não vai interferir na amamentação”. Pra quem tem dúvidas se está ou não desenvolvendo uma depressão pós parto e não quer falar logo com o médico ou outra pessoa, ele indicou um questionário disponível na internet e que poder ser respondido em casa. “Não descuidem disso. Às vezes, a gente se preocupa com a saúde física e esquece a emocional, mas é o emocional que comanda o corpo”, frisa.
Atualmente a gente não tem muito mais aquela formação na família de uma mulher, uma tia que vai repassar esses conhecimento. As famílias vivem mais isoladas nesse sentido mas, por outro lado, com a internet, temos acesso à informação na palma da mão. Grupos de mães no WhatsApp também podem ajudar a tirar dúvidas e a compartilhar experiências com quem já passou ou está passando pela mesma situação. “Muitas vezes a gente dificulta mais as coisas. A gente não quer escutar a mãe, a sogra, mas ela vai ser um suporte grande no pós parto. Conte com uma rede de apoio, amigas… É preciso conversar com alguém”, garante.
Ele falou também das cobranças que muitas mulheres se impõem sem necessidade, principalmente quanto às modificações do corpo: “O organismo passa 9 meses se transformando e vai precisar de tempo para voltar ao normal. A mulher não vai ter em um mês o corpo de antes e talvez não tenha mais. Ela vai ganhar a maternidade maravilhosa e vai perder um pouco do que tinha antes. É natural”.
Segundo o médico, muitas pessoas acham que amamentar é atribuição da mãe, mas o pai pode participar, levar um copo com água, um lanche, dar apoio, na hora de maior dificuldade dizer que vai dar certo, deixar a mulher numa se posição mais confortável, botar o filho para arrotar para ela dormir, fazer as compras, arrumar a casa, poupar a mãe. “Um dinheiro bem investido é a consultoria de amamentação, que ensina a pega correta a posição melhor… Existem várias no Recife. Muitos vídeos na internet também ensinam a pega e a posição correta do bebê para mamar”, aponta. Ele também acha bom o uso de polivitamínicos durante a amamentação exclusiva, mas que deve ser prescrito pelo médico. O mesmo vale para medicamentos para ajudar quem tem pouca produção de leite.
Dr. Thiago lembrou que, após o parto, o sangramento continua por cerca de 10 dias, são secreções que vão diminuindo, ficando mais claras até desaparecerem em 15 ou 20 dias. “É normal e faz parte da cicatrização do útero. Quando a mão está amamentando esse sangramento aumenta porque a oxitocina também é liberado para contrair os alvéolos mamários e, na hora da mamada, a mulher muitas vezes sente uma cólica e percebe o sangramento aumentar”, acrescenta. Sobre a alimentação, ele alertou para o cuidado com verduras mal limpas e alimentos crus por conta da toxoplasmose (assim como o cuidado com cães e gatos), com crustáceos e embutidos nos casos de partos cirúrgicos.
Num papo aberto e sem tabus, o obstetra falou também sobre a vida sexual após o parto. Segundo ele, o chamado “resguardo” dura 30 dias, mas o fato da mulher estar tecnicamente liberada para retomar a atividade sexual, não significa que ela tenha que fazê-lo. “Tem mulher que não dorme, está exausta. Não quer dizer que está deixando de gostar. O casal deve conversar e decidir. Muitas mulheres têm medo da primeira relação sexual após o parto. A maioria não vai ter problema algum, mas algumas podem ter a lubrificação comprometida. Então, é bom ter à mão algum tipo de gel lubrificante. O ponto mais importante é a cabeça, o medo pode gerar uma tensão e a musculatura do períneo ficar contraída, causando a dor na primeira relação”, tranquiliza.
A frequência sexual é outra coisa que é natural mudar. Muitas mulheres e homens ficam preocupados. Segundo ele, é muito comum essa frequência diminuir com o primeiro filho e ainda mais após o segundo mas, muitas vezes, a qualidade dessas relações são até melhores. “O amor não está diminuindo. Pelo contrário. Tem casal que tem relação a cada 15 dias e está satisfeito. Tem casal que tem todo dia e não está satisfeito. O que vale é ter satisfação sexual. Nada de ficar se comparando, mesmo porque a gente sabe que tem gente que gosta de contar vantagem”, garantiu. Assim como o sexo, a atividade física também é liberada em 30 dias, mas deve ser retomada paulatinamente, até se chegar ao ritmo de antes.
Dr. Thiago aproveitou para tirar outra dúvida recorrente em relação ao sexo: “Muita gente quer saber se vai ficar ‘frouxa’ se tiver parto natural. Claro que não. O que acontece é que antes de parir a mulher não conseguia ver a cavidade vaginal. Depois, essa ‘cortina” que era fechada ficou aberta, mas a cavidade é a mesma, a musculatura é a mesma.
A fase do final da licença maternidade e separação do filho também foi tratada pelo obstetra. “As mães têm medo de deixar criança, mas também se sentem péssimas e ainda piores quando se sentem bem longe do filho e se culpabilizam. Pensam: que mãe eu sou? Mas elas estavam presas! Ninguém consegue fazer a mesma coisa o tempo todo. É um dilema emocional comum”. Geralmente a licença dura quatro meses, mas a mãe deve amamentar por 6 meses exclusivamente. Então ele orientou a, durante a licença ir ordenhando, pasteurizando e guardando o leite para quando voltar ao trabalho. Ele lembrou que é um direito da mãe uma hora durante o expediente para amamentar e também da possibilidade de pegar férias e juntar com a licença para ganhar mais um mês ao lado do bebê, pontuando que o sexto mês, quando é feita a introdução alimentar, é importante também estar mais em casa para acompanhar.
Enfim, uma conversa que encheu de confiança e tranquilidade os corações das mamães e papais. Ao final, Dr. Thiago ainda indicou dois livros que também faço questão de repassar pra vocês: “A maternidade e encontro com a própria sombra”, de Laura Gutman e “60 dias de neblina”, de Rafaela Carvalho.
Espero também ter contribuído para termos mamães, papais e bebês mais felizes.
Um abraço,
Andréa Leal.
