(…)
Abrir o ângulo, fechar o foco sobre a vida
Transcender pela lente do amor
Que ainda posso enxergar mais além.”
Em 1980, Gilberto Gil traduzia, com a canção “Lente do Amor”, o sentimento que rege minha atuação como fotógrafa desde 2012, quando comecei a me interessar profissionalmente pela fotografia. A mesma emoção que segue minha trajetória e meu trabalho como fundadora e presidente da Associação Nordestina de Fotógrafos de Família.
Hoje, no Dia do Fotógrafo, não poderia falar com vocês sobre outro assunto que não sobre este dom que nos foi concedido, de eternizar momentos. Quanta magia, quanta responsabilidade! A todos que desempenham esse propósito com sensibilidade e cuidado, nossos parabéns e nossa gratidão.
Porque enxergar pela lente do amor, como diz Gil, não é para todos. É preciso treino, dom, vocação, alma. É ver além do óbvio, capturar sentimentos, palavras que não são ditas, a beleza de um instante que jamais se repetirá. Só essa lente de amor é capaz de guardar, para sempre, todo esse espetáculo de vida que cabe num sopro, em um segundo sublime, único.
Um instante que, como lembra o escritor Caio Fernando Abreu, vai trazer novas emoções cada vez que a fotografia for revista:”E você pode ficar horas e horas olhando para uma imagem e voltar a ela daqui a dez anos. Mas a sua interpretação sobre a mesma cena será outra, pois você já não é a mesma pessoa”. Aquele instante, por sua vez, não mudará jamais e as emoções podem ser revividas para sempre.
Andréa Leal.