Hoje eu convido vocês a refletirem e se engajarem à campanha do Maio Laranja. Um mês dedicado ao enfrentamento e à prevenção do abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes no Brasil.
Uma ação de conscientização de enorme importância porque para combater qualquer problema precisamos, entes de tudo, conhecê-lo para então discutir, denunciar, provocar conversas, cobrar soluções.
A cada hora, três crianças são abusadas no Brasil. Cerca de 51% tem entre 1 a 5 anos de idade. Todos os anos, 500 mil crianças e adolescentes são explorados sexualmente no nosso país e há dados que sugerem que somente 7,5% dos dados cheguem a ser denunciados às autoridades, ou seja, estes números na verdade são muito maiores.
Uma violência que muitas vezes acontece dentro da própria família: 52% dos casos de exploração, violência ou abuso sexual ocorrem dentro da casa da vítima, e apenas um em cada 10 casos é notificado às autoridades. Crimes que vêm aumentando em meio à pandemia, já que tanto vítimas quanto abusadores passaram mais tempo dentro de casa, dificultando as denúncias. Outro agravante é a dificuldade das pessoas de acesso ao serviço pelo isolamento social e porque as crianças foram menos às escolas, que é um lugar onde os professores têm um olhar apurado para identificar sinais de agressão.
Por isso é importante dizer que qualquer pessoa que testemunhar, souber ou suspeitar que uma criança ou adolescente esteja sendo vítima de abuso, violência ou negligência, pode denunciar de forma identificada ou anônima. São muitos canais disponíveis: O Disque 100, o Aplicativo Direitos Humanos Brasil (para Android e IOS), o Conselho Tutelar mais próximo, o Ministério Público, a Ouvidoria do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e qualquer delegacia ou posto da Polícia Civil.
Quem cala está permitindo que assassinatos como o da menina Araceli de 8 anos, continuem acontecendo. O dia da sua morte, 18 de maio, foi instituído como o Dia Nacional de Combate à Violência Sexual Infantil. A garotinha foi sequestrada, drogada, violentada sexualmente e assassinada, em Vitória do Espírito Santo no ano de 1973. Em 1991, os três réus acusados foram absolvidos e o crime permanece impune até hoje.
Não vamos permitir este crime contra a infância.
Um abraço,
Andréa Leal