Que elas existem, existem: a ligação entre os dias das Bruxas, de Todos os Santos e dos Mortos

Hoje, 1º de novembro, é o Dia de Todos os Santos, enquanto amanhã, feriado de 02 de novembro, celebramos os Dia dos Mortos. Mas você sabia que essas datas também estão relacionadas com o Dia das Bruxas, festejado ontem, 31 de outubro?

Pois é, o Halloween não teve origem na cultura americana, como muita gente pensa, mas começou no Reino Unido. O nome vem de “All Hallows’ Eve”.”Hallow”, é um termo antigo para “santo”, e “eve” é o mesmo que “véspera”, porque a festa acontece na noite anterior ao Dia de Todos os Santos. Segundo os historiadores, tudo começou com um antigo festival pagão, o festival celta de Samhain, que significa “fim do verão”.

O Samhain durava três dias e começava em 31 de outubro, como uma homenagem ao “Rei dos mortos”. De acordo com a tradição eram acesas fogueiras e celebrada a abundância de comida após a época de colheita. Enfim, tudo está interligado.

No século XV, o termo “bruxa” era usado para designar mulheres que praticavam ações que a sociedade não conseguia compreender, sendo consideradas como magia, mas, muitas vezes, era apenas um conhecimento avançado do uso de plantas e medicamentos, sendo muito mais curandeiras do que feiticeiras. Mulheres independentes e expressivas ou curandeiras eram mal vistas e acusadas de realizarem feitiços para conquistarem poder e influência.

A Igreja Católica, que exercia forte influência sobre grande parte da Europa, começou a associar essas práticas a pactos com o diabo, e tanto a figura do demônio quanto a da bruxa passou a ganhar poder no imaginário popular.

Entre o século XV e XVII, ocorreu o que conhecemos como Caça às Bruxas, onde as mulheres da cultura celta eram fortemente ligadas às forças da natureza e, por serem consideradas pagãs, foram duramente perseguidas. A cidade de Salem, nos Estados Unidos, ficou eternizada pelos julgamentos de mais 200 pessoas, levando à condenação de 30 delas, sendo 19 executados na forca. As acusadas de bruxaria pelo marido ou pela sociedade eram torturadas para confessarem o uso de forças ocultas. As mulheres que se negavam a admitir culpa eram executadas na fogueira. Por isso, muitas admitiram a prática de bruxaria para terem uma morte mais rápida, pela forca.

A caça às bruxas foi na verdade uma guerra contra as mulheres; uma tentativa coordenada de degradá-las, de demonizá-las e de destruir seu poder social. Assim crescia o controle masculino sobre as mulheres, criando uma estrutura machista e misógina, que repercute ao longo da história até os dias de hoje, baseado no imaginário de que as mulheres eram facilmente manipuláveis e seduzidas pelas forças do mal, desqualificando-as e relegando-as a papéis secundários na sociedade, idealmente submissa a figura masculina, como o marido ou pai.

O alto número de execuções em praça pública aumentou o medo da sociedade perante as mulheres, aumentando também o número de lendas, fábulas e contos. Até hoje, o xingamento “bruxa” quase sempre é usado para ofender uma mulher fazendo alusão à idade avançada, à feiura, à presença de imperfeições como rugas e corcunda, ou ao comportamento, como ranzinza ou cruel. Nos filmes é comum que a vilã seja uma bruxa má, como em Branca de Neve, O mágico de Oz, e até mesmo no programa Chaves, com a Bruxa do 71. Enquanto homens que possuem habilidades mágicas e idosos são vistos como sábios anciãos, como Merlin e Dumbledore.

Eu sou testemunha do poder, da força da mulher. Na hora do parto, na hora de amamentar, de cuidar dos filhos, de usar sua intuição, sua inteligência. E, atualizando o ditado castelhano, Eu acredito nas bruxas, que elas existem, existem.

Um abraço,

Andréa Leal

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Eu sou Andréa Leal, e sempre achei importante que a minha fotografia falasse por mim.

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