Siaparto, uma experiência de vida como fotógrafa, doula, mãe e mulher

Gente, hoje eu quero compartilhar com vocês a rica e transformadora experiência que vivi durante os cursos, palestras e pré congresso do Siaparto – Simpósio Internacional de Assistência ao Parto, que aconteceu de 11 a 14 de abril no Centro de Convenções de Pernambuco. Foram trocas, ensinamentos, relatos que certamente mudaram minha visão e minha vida como fotógrafa, como doula (função para a qual também me capacitei), como mãe e como mulher. Muito realizada em fazer parte deste grupo que reúne hoje mais de duas mil pessoas interessadas em aprender e mudar os quadros da assistência ao parto brasileira e latino americanas. Muito honrada em me sentir fazendo parte dessa mudança!

Para mim, uma mudança que começou no meu trabalho, com o projeto Luz Natural, que retrata partos naturais humanizados realizados no Sistema Único de Saúde (SUS). Comecei a atuar para desmistificar medos, acabar com tabus, preconceitos, informar, esclarecer. Enxergava desde cedo essa necessidade de contribuir para esse processo e me sinto muito gratificada com o resultado.

No simpósio, me identifiquei com tantas falas, muitos depoimentos e tive a sensação de que meu trabalho também como fotógrafa trilha o caminho certo, em acordo com o que está sendo discutido, com a evolução, com os novos tempos.

Foi maravilhoso pra mim ouvir Leila Katz (pessoa que admiro demais por sua trajetória e pela mulher forte e desafiadora que é), e Alexandre Coimbra Amaral, (que aprendi a admirar por suas palavras sempre tão tocantes, até parece que nos conhece a anos falando exatamente o que está em nossos corações e nem sabíamos), falando sobre o “Cuidado respeitoso como política e ferramenta de transformação do mundo”tema que que tanto me identifico, ver Tatianne Frank discutindo de forma tão clara se o  parto domiciliar é seguro, para quem e como, aprender e perceber que em muitos casos o que se tem feito durante o trabalho de parto com muitas mulheres é posiciona-lá mal e tornar  tudo muito mais demorado e doloroso, que palestra incrível a de Gloria Esegbona “O que ainda precisamos saber sobre posições para o parto”, e com Maíra Libertad “O que precisamos saber para não estragar o período expulsivo, mais direta impossível.

Muito importante também a reflexão de Alexandre Coimbra Amaral sobre “Quem decide? Encontrando nosso lugar na hierarquia do parto”,  sobre “Tudo que nunca te contaram sobre parto pélvico vaginal” com Frank Louwen, uma palestra que me fez ver com outros olhos o parto pélvico, quanto ainda temos que aprender… sobre “O que muda com as novas recomendações da OMS para assistência ao parto” com Liduina Rocha, sobre “O que há de tão especial na hora dourada e como podemos intervir positivamente”, com a incrível Vania Gato que emocionou a todos, conhecer “O que as sociedades de especialistas estão fazendo pelo parto respeitoso” com Liduina Rocha.

Ensinamentos importantíssimos também para meu trabalho como fotógrafa, durante os acompanhamentos dos partos que tanto faço e também nos ensaios newborn, quando recebemos mães e bebês tão novinhos em nosso estúdio e oferecemos esse cuidado, esse carinho agora com ainda mais lastro de conhecimento para confortar, acolher e fazer daquele momento tão único e especial, o mais humano e respeitoso possível.

Por isso, foram também essenciais as lições trazidas pelas palestras “Guia básico de Amamentação para sala de parto e primeiros dias” com Manoel Adauto, “Primeiros dias do bebê: o que não podemos deixar de avaliar e cuidar?” com Vania Gato, “Cuidado respeitoso ao recém-nascido em sala de parto” com Ana Paula Caldas que nos mostrou que precisamos “voltar algumas casas” e sermos mais humanos, “Pós-parto: cuidado sensível para um momento intenso “ com Daniela Leal que foi leve e intensa em nos colocar de frente com realidades que muitas vezes preferimos não discutir e “Primeiros socorros emocionais em situações de crise” com Josie Zechinelli.

Também preciso ressaltar que muito se falou sobre o cuidado, ou o não cuidado, que a mulher negra se depara na atenção ao parto, com inúmeras situações difíceis de digerir. Numa sociedade onde o racismo ainda existe percebemos o quanto as mulheres negras são as que mais sofrem violência obstétrica e negligência no atendimento. Vidas negras importam.

Listo aqui todos esses profissionais renomados para agradecer pelo rico conhecimento que compartilharam comigo e com tantas pessoas interessadas e também para convidar mais pessoas a trilharem esse caminho junto com a gente.

Ainda este ano, São Paulo vai receber outra edição do simpósio vale muito a pena participar e prestigiar essa organização que desde 2014 reúne palestrantes nacionais e internacionais para divulgar seus conhecimentos e trazer abordagens diferentes e originais para o repertório brasileiro de assistência ao parto. Vamos todos juntos participar deste crescimento e humanizar o tratamento de mãe e bebê nesta fase tão linda de suas histórias.

Um abraço,

Andréa Leal

andrealealfotografia

Eu sou Andréa Leal, e sempre achei importante que a minha fotografia falasse por mim.

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