Respeitar seu corpo. Esse é o ponto

Recentemente, li um artigo da jornalista, palestrante e consultora Mia Lopes no LinkedIn que muito me chamou atenção e gostaria de compartilhar com vocês. Uma rede social destinada prioritariamente a contatos profissionais foi utilizada para fazer um alerta sério às mulheres: uma forma de violência obstétrica mais comum que se imagina que é o chamado “ponto do marido”. O nome popular, por si só, já mostra todo o machismo envolvido no processo.

O procedimento consiste em, ao término da sutura de uma episiotomia (corte no períneo no período expulsivo do parto), o cirurgião “apertar” a entrada da vagina, com um ponto, a mais, com o objetivo de torná-la mais estreita, teoricamente aumentando a satisfação sexual do companheiro.

Uma ideia de que se sustenta em um dos mitos mais difundidos sobre o parto normal, de que a vagina se alarga, comprometendo a vida sexual do casal. Pasmem! O fato é que não bastasse o procedimento muitas vezes ser realizado sem conhecimento da mulher, ele pode trazer consequências graves, como a troca do prazer feminino pela dor, durante o ato sexual, por causa da lesão de nervos da região, da perda da elasticidade e do estreitamento excessivo da entrada da vagina. Há relatos de mulheres que se dizem completamente inabilitadas para a penetração, com profundas repercussões psicológicas e sociais.

Confesso que admirei a iniciativa de Mia em compartilhar como ela mesma descreveu, “como uma forma de quebrar o tabu de alguns assuntos femininos que parecem fugir aos diálogos ‘profissionais’ da plataforma”. Por isso, resolvi também fazer minha parte e trazer este tema para nossa conversa.

Segundo ainda denuncia o artigo de Mia, o Brasil é o país recordista mundial em plásticas íntimas e em média 25 mil mulheres buscaram fazer algum tipo de “correção” estética. Nessa busca em atingir o padrão de genitália ideal, muitas mulheres têm recorrido a várias cirurgias, sendo a mais popular a ninfoplastia, que reduz os pequenos lábios. Há também a lipoaspiração para reduzir o volume do monte de vênus, o enxerto de gordura retirada das costas ou da barriga para ser colocada nos grandes lábios, a aclitoriplastia para deixar o clitóris mais exposto, a perinoplastia que deixa o canal estreito e a reconstrução de hímen, além dos processos de clareamentos vaginal e anal.

Tudo, geralmente, em busca de agradar o outro e não a si própria, na maioria das vezes para representar uma vagina infantil e não de uma mulher. Mas por que essa imagem de mulher madura, não é a mais desejada por alguns homens? Por que alguns preferem a ilusão de estarem se relacionando com uma adolescente mais frágil e inexperiente e não com uma mulher forte, decidida, que sabe o que quer e como quer? Acho que vale muito o questionamento. Respeitar nosso corpo, nossos desejos e nossa identidade é o ponto.

Um abraço,

Andréa Leal

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Eu sou Andréa Leal, e sempre achei importante que a minha fotografia falasse por mim.

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