Toda mulher que já esteve grávida sabe: a gestação parece eterna até que, de repente, acaba.
A barriga cresce aos poucos, o corpo vai dando sinais de que algo gigante está acontecendo dentro dele, mas o dia a dia engole tudo. Entre exames, preparativos e a vida que segue, o tempo escorre pelos dedos. Você jura que vai lembrar de tudo, mas um dia percebe que não lembra mais.
Se fecha os olhos agora, consegue se ver grávida? Consegue lembrar da sensação? Do formato da barriga? Do jeito como sua mão repousava sobre ela, quase sem perceber?
Muita gente fala que o ensaio de gestante é um registro da espera, mas às vezes penso que pode ser visto de outra forma: é um registro do fim. O fim de uma vida como você conhece, o fim da mulher que existia antes de se tornar mãe. E essa mulher também merece ser lembrada.
Porque quando o bebê nasce, o mundo vira de cabeça para baixo. O tempo deixa de ter a mesma lógica. Você se olha no espelho e já não vê a mesma pessoa. A barriga some, mas algo em você fica marcado para sempre.
E aí, um dia, meses ou anos depois, você pega uma foto da gestação. Olha para aquela mulher e sente um nó na garganta. Ali está você, antes de saber o que era o amor no seu estado mais bruto. Antes das noites em claro, antes do primeiro choro que partiu seu peito ao meio, antes de segurar aquela mãozinha pela primeira vez.
O ensaio de gestante não é sobre a gravidez. É sobre você. Sobre essa mulher que está prestes a atravessar para o outro lado da vida.
E não importa se a barriga está pequena, se você não se sente linda, se acha que “não precisa disso”. Um dia, você vai querer lembrar.
E quando esse dia chegar, as fotos estarão lá.
“Porque cada fase, cada transformação merece ser registrada. E você, mulher, merece ser lembrada em toda a sua beleza, força e singularidade.”
Andréa Leal
