Hoje, gostaria de abordar um tema que tem despertado preocupação em muitos de nós: a adultização precoce das crianças. Em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia e pela pressão para amadurecer rapidamente, é fundamental refletirmos sobre como estamos cuidando das nossas crianças e protegendo sua infância.
Recentemente, deparei-me com um artigo impactante da renomada neuropsicopedagoga e psicanalista Clara Dawn. Nele, ela alerta para o alarmante aumento da depressão infantil e do índice de autoextermínio entre crianças de 5 a 11 anos, apontando a adultização como um dos principais fatores desencadeantes desses problemas.
Nossas crianças são verdadeiras esponjinhas, absorvendo tudo ao seu redor de maneira intensa. Elas estão em constante desenvolvimento, construindo sua identidade e compreendendo o mundo. No entanto, ao expô-las prematuramente a responsabilidades e situações próprias do mundo adulto, estamos roubando-lhes a oportunidade de viver plenamente a infância.
O tempo para o tédio, a imaginação livre e a experimentação são aspectos cruciais para o crescimento saudável de uma criança. Infelizmente, temos testemunhado uma inversão de papéis, onde a criança não tem espaço para vivenciar o tédio e desenvolver sua criatividade. Os dispositivos eletrônicos, muitas vezes, tornaram-se uma muleta conveniente para os pais, uma maneira rápida de lidar com as frustrações e emoções dos pequenos.
Quantas vezes já vimos pais entregando um celular para acalmar um choro ou uma birra? Ou incentivando os filhos a se isolarem em seus quartos com videogames durante visitas em casa? A criança, faminta por atenção e interação, pergunta se pode baixar um novo jogo, e o adulto, sem muita reflexão, acaba consentindo apenas para se livrar do incômodo momentâneo.
No entanto, é crucial considerar as consequências dessas atitudes. Ao permitir que as crianças vivenciem apenas o mundo adulto e escapem do tédio, estamos privando-as de uma fase fundamental para um desenvolvimento saudável. O tédio é um terreno fértil para a criatividade, a imaginação e a autorreflexão, permitindo que elas descubram suas paixões, desenvolvam habilidades sociais e construam uma identidade sólida.
Ao adultizar uma criança, estamos ignorando suas necessidades emocionais e subestimando sua capacidade de lidar com os desafios da vida. A infância é o momento em que elas aprendem a lidar com frustrações, desenvolvem resiliência e encontram soluções para os problemas. Ao privá-las dessas experiências, estamos minando sua capacidade de enfrentamento e preparação para a vida adulta.
Portanto, convido todos vocês a repensarem suas atitudes em relação às crianças. Vamos proporcionar-lhes um ambiente seguro, estimulante e adequado à sua idade. É essencial reservarmos tempo para brincadeiras livres, interações sociais saudáveis e momentos de tédio, para que possam explorar sua criatividade e desenvolver habilidades essenciais para seu crescimento.
Nossas crianças estão em constante transformação, e cabe a nós, como pais e adultos responsáveis, proteger sua infância e garantir que possam crescer de forma plena e saudável. Não deixemos que a adultização se torne uma barreira para seu desenvolvimento, mas sim cultivemos a pureza e a curiosidade infantis, permitindo que floresçam em todo seu potencial.
Estou aqui como fotógrafa para registrar momentos preciosos da infância de seus filhos, capturando a essência única de cada fase dessa jornada. Vamos celebrar a magia da infância, valorizando a simplicidade, a brincadeira e a conexão entre pais e filhos.
Juntos, podemos criar um mundo onde nossas crianças possam ser verdadeiramente crianças, protegendo-as da adultização e oferecendo-lhes um espaço para sonhar, imaginar e crescer. Vamos honrar a importância da infância e nutrir nossos pequenos com amor, respeito e o devido tempo para serem felizes.
Um abraço,
Andréa Leal
