Desde 2017, todos os meses de maio me dedico a apresentar um trabalho autoral para retratar a maternidade. Uma maneira minha de homenagear todas as mães do mundo com meu olhar sobre esse amor tão puro, forte, transformador, real. Este ano, esse amor maternal que cuida do outro nos convida a ficarmos em casa para combater a pandemia de Covid-19. E como fica nossa exposição Retratos de Mãe? Estou estudando a viabilidade de uma exposição virtual.
Como as mães que nos ensinam todos os dias, nos transformamos para superar esse obstáculo, estar perto e dizer que o amor vence qualquer barreira. Desde o início do ano, planejamos o projeto de 2020 com muito cuidado e a proposta de compartilhar histórias de maternidade fortes e reais e suavizar o estigma sobre as mulheres encarceradas. Uma proposta de dialogar sobre esse amor incondicional e dar a estas personagens a oportunidade de contar um pouco de sua história, apresentando à sociedade não as presidiárias, mas mães e mulheres com chances de ressocialização e reinserção social.
Não imaginávamos que chegando maio, estaríamos todos nos sentido um pouco presos em nossas próprias casas, mas claro, em uma situação infinitamente mais confortável, segura, privilegiada. Apesar disso, essa condição de isolados socialmente na qual todos estamos inseridos pelo nosso próprio bem, para salvar as nossas vidas e as de quem amamos, nos leva ao exercício de empatia e solidariedade, objetivo primeiro da exposição. O que me faz pensar que não chegamos a este tema por acaso. Tudo tem um propósito.
Pernambuco tem atualmente cerca de 1.400 mulheres em situação prisional. Visitamos a Colônia Penal Feminina, no Recife, onde fotografamos nove mulheres grávidas ou com filhos bebês ou recém-nascidos vivendo em regime prisional. Uma iniciativa que faz parte das ações do Instituto Luz Natural, numa maneira de ressignificar a maternidade que essas mulheres estão vivendo. Uma tentativa de diálogo através da arte, para que ela olhe para si, para sua história e perceba e registre para sempre os instantes mágicos que a maternidade proporciona.
Com essa visita virtual, acredito que cada um pode sentir a maternidade como esse divisor de águas, essa experiência que faz questionar verdades, conceitos, prioridades, comportamentos, pensamentos. Para as mulheres em situação prisional não é diferente e a maternidade pode ser vista como um grande estímulo à vida nova. Que todos nós possamos ter vida nova e olhar o mundo com os olhos de uma mãe.
Aproveito para agradecer pelo convite da Desembargadora Daisy Maria de Andrade Costa e pelo apoio do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), da Secretaria Executiva de Ressocialização (SERES), através do Secretário Executivo Cícero Rodrigues e do chefe de gabinete Renato Pinto e da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos, por meio do secretário Pedro Eurico. Muito obrigada!
Um abraço,
Andréa Leal
